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Como os Jovens tratam a virgindade

Sexo depois do casamento, anel de pureza e críticas:
04 de Fevereiro/Quinta Feira

Faça uma enquete básica em qualquer escola de ensino médio e você comprovará. Segundo as estatísticas, a primeira experiência sexual dos jovens vem acontecendo cada vez mais cedo, com 15, 14 e até 13 anos de idade. Na contramão desse comportamento precoce, garotos e garotas estão optando por esperar o casamento para perder a virgindade. A motivação, em geral, tem cunho religioso, mas muitos também se inspiram na onda conservadora que começou há poucos anos nos Estados Unidos e encontra nos ídolos pop Jonas Brothers seus principais ícones.
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O analista de sistemas Ubirailson Jersy Soares de Medeiros, 26 anos, de João Pessoa (PB), namora há quatro anos e meio e decidiu manter-se virgem até o casamento por conta de uma experiência religiosa intensa (ele não dá mais detalhes). “Tive uma experiência com o amor de Deus que mudou minha vida e quero corresponder a este amor tendo um coração puro e deixando que meu corpo seja coerente com essa realidade. O sexo é algo muito precioso e belo para ser vivido de qualquer jeito, é sagrado!”, acredita o rapaz, cujo passado guarda algumas “máculas”. “Descobri que tratava minha sexualidade de modo desordenado, viciado e egoísta, buscando o prazer pelo prazer. Fazia das mulheres coisas, objetos, denegria o valor que elas tinham. Embora seja virgem, tive muitas experiências íntimas com algumas mulheres. Posso dizer que fiz quase tudo, menos a conjunção carnal”, revela.

Estilo de vida

Para o digitador Júnior Nogueira, 26 anos, de Sobral (CE), a castidade é um “estilo de vida”. “Ela abrange mais do que simplesmente a virgindade, pois se relaciona com o nosso modo de amar a Deus e aos outros. Portanto, uma pessoa pode ser virgem e não ser casta, ou o contrário, não ser mais virgem e viver a castidade como opção”, explica. “Acho que há muita banalização do sexo. As pessoas mal se conhecem e já vão para a cama”, reclama o estudante de Direto Hugo de Oliveira, 23 anos, de Osasco (SP). Evangélico e educado em uma família com princípios religiosos bem rigorosos, ele garante que resistirá às tentações e se casará virgem. Uma de suas maiores dificuldades é lidar com a “tiração de sarro” e o espanto dos amigos. “A maioria dos jovens hoje em dia não deseja abster-se do sexo. Os que querem têm vergonha de se expor por medo de serem repudiados. Meus amigos zoam comigo, mas eu relevo. Prefiro acreditar que cada um tem um pensamento diferente”, diz Hugo, que não sente o menor receio em firmar sua convicção ao usar um anel da pureza, acessório usado também pelos irmãos Jonas Brothers para revelar ao mundo a condição da virgindade.

Todo mundo pensa que eu não vou aguentar, que não vou me segurar, mas acho que os seres humanos têm, sim, total controle sobre seus atos
Loanda Natália Santos, 17 anos

Alvo de risos por parte das amigas, que já a chamaram de hipócrita, e de descrédito de alguns familiares, a estudante de Nutrição Loanda Natália Santos, 17 anos, de Santo André (SP), garante que vai manter-se virgem até o casamento. Ela está namorando há um mês e já avisou o rapaz de sua decisão. “Ele respeita minha opção. Desde que soube o que é sexo, desejo me casar virgem. Todo mundo pensa que eu não vou aguentar, que não vou me segurar, mas acho que os seres humanos têm, sim, total controle sobre seus atos”, ressalta.

Se segurar não é fácil. Os entrevistados reclamam do excesso de estímulos da TV e da Internet – dançarinas de trajes sumários nos programas de auditório, as “sisters” do BBB10 de biquíni, vídeos e fotos pornôs. As garotas também apontam a pressão das amigas para transar, enquanto os rapazes indicam a maneira sensual como as mulheres se vestem no dia a dia como uma tentação a ser vencida. Embora tenha tido experiências sexuais no passado, com uma antiga namorada, o professor Wellington Vancini, 27 anos, de Fortaleza (CE), vive em “jejum” há quase sete anos. Sua atual namorada é virgem, quer subir ao altar assim, e ele optou por respeitar sua decisão até o casamento, previsto para o fim do ano. “O namoro casto potencializa o autoconhecimento”, afirma. “Como vivi os dois tipos de relação, posso afirmar com toda a certeza que este último me traz muito mais alegrias”, destaca ele, que não gosta muito do termo “abdicar”. “Esse termo dá a conotação de algo reprimido e isso não é bom. A castidade, na verdade, é uma busca por uma coerência interior, buscar ser inteiro, sem divisões; é ordenar toda minha sexualidade em favor de um objetivo.”

Críticas

Alguns amigos inicialmente achavam minha escolha radical, mas hoje concordam; outros permanecem não concordando; alguns acham isso bonito, mas se dizem incapazes de viver algo assim
Wellington Vancini, 27 anos

Já a estudante Amanda F. Mota, 16 anos, de Brasília (DF), que justifica a virgindade por motivos religiosos, reclama da dificuldade de namorar alguém que compreenda seus princípios. “Às vezes, estou com alguém de que gosto, com quem me sinto bem, e ambos gostaríamos de dar esse passo adiante; mas aí me lembro do compromisso que assumi comigo mesma, e acabo indo devagar”, revela a garota. “É complicado, principalmente quando você gosta da pessoa e o momento é propício. E usar argumentos religiosos também pode ser bem difícil: ele pode achar tudo isso de castidade uma besteira, ou aceitar minha decisão. Geralmente, é a primeira opção que acontece”. Problema semelhante enfrenta a estudante de Engenharia da Computação Gisele Lima, 20 anos, de Nova Iguaçu (RJ). “A minha maior dificuldade é encontrar alguém que pense em respeitar minha decisão. Terminei com a maioria dos meus ‘exs’ porque eles ficavam me pressionando a fazer sexo. E meus amigos me acham careta, mas não ligo. Sei bem o que quero para mim”, salienta.

As críticas alheias, aliás, também são um empecilho a ser vencido. “Alguns amigos inicialmente achavam minha escolha radical, mas hoje concordam; outros permanecem não concordando; alguns acham isso bonito, mas se dizem incapazes de viver algo assim. O mais importante é viver com coerência tal decisão para ser respeitado”, afirma Ubirailson. O professor Wellington, que não faz segredo sobre sua condição, já foi chamado de gay por algumas alunas revoltadas com a falta de receptividade às investidas. “Além de preconceitos, sofri calúnias e difamações por causa de mentiras que inventaram sobre a fidelidade à minha namorada. Mas minha consciência é tranquila e meu sono é leve, pois não carrego nenhuma dessas acusações”, afirma.

Fonte: Terra / Gospel+

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